Por: Equipe InfoMoney
13/07/10 - 07h36
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Tarifa ou repasse?
O pessimismo é fruto de um risco que deve se arrastar pelos próximos dois anos, explica a corretora. A companhia concordou em pagar a um fundo municipal cerca de 7,5% de sua receita (aproximadamente R$ 290 milhões por ano) para obtenção de um contrato de 30 anos de fornecimento de água e serviços de tratamento de esgoto para a cidade de São Paulo.
A empresa insiste que o pagamento não consiste em tarifa de concessão, explica a Itaú, porque o fundo será utilizado para investimentos em projetos sanitários na cidade, e que esse dinheiro será repassado às tarifas cobradas pela Sabesp. No entanto, os analistas afirmam que em conversas com técnicos da ARSESP (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), as indicações foram no sentido contrário.
"Quando se referiu ao repasse desses custos, a ARSESP foi muito clara em afirmar que isso não irá ocorrer", aponta a Itaú. E esse é um ponto significativo para a Sabesp, já que marca a diferença entre um preço-alvo de R$ 32,90, caso todos os futuros contratos sejam marcados pela taxa, ou R$ 50,80, caso esses custos sejam repassados aos consumidores.
Relação entre risco e retorno desfavorável
Como a definição desse impasse só irá ocorrer em setembro de 2011, na primeira revisão de tarifa da companhia, a corretora disse acreditar que não é sábio comprar os papéis da empresa neste momento, por causa da relação risco/retorno desfavorável. Ainda assim, os analistas não deixam de apontar que, dependendo dos parâmetros adotados pela ARSESP, existe risco de upside significativo em relação ao cenário proposto, "mas acreditamos que o risco pesa mais para o lado negativo", explica a corretora.
Além do cenário regulatório pouco claro, os analistas ainda fazem mais duas ressalvas em relação ao papel. A primeira diz respeito à eleição para governador de São Paulo, em outubro. Embora Geraldo Alckmin desponte como favorito nas pesquisas, os analistas não acreditam que ele será (ou terá vontade) de implementar um aumento no nível de dividendos pagos pela companhia, como fez quando governou o Estado entre 2001 e 2006.
Assim, a expectativa de manutenção de níveis elevados de investimentos no futuro próximo ocasionará pagamento de dividendos pouco atrativos. O dividend yield (relação entre lucros distribuídos e preço da ação) para 2010, 2011 e 2012 da Sabesp deve ser de 4,1%, 5,2% e 6,8%, respectivamente, bem abaixo do previsto para o setor de energia.
Assim, a corretora conclui o reinício da cobertura reafirmando que, em sua opinião, não vale a pena correr o risco existente em relação aos papéis da Sabesp.