quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

VALE: ANALISTAS PROJETAM LUCRO DE US$ 1,5 BI NO 4TRI09, ALTA DE 10%

São Paulo, 09 - Os resultados do quarto trimestre de 2009 da Vale, a serem divulgados pela empresa amanhã, após o fechamento do mercado,
devem apresentar um lucro líquido de US$ 1,5 bilhão, segundo o padrão contábil US Gaap, 10% acima do resultado apresentado no mesmo
trimestre do ano passado, segundo a média das projeções de sete instituições financeiras consultadas pela Agência Estado - Merrill Lynch, BTG Pactual, Deutsche Bank, J.P.Morgan, Itaú, Barclays Capital e Morgan Stanley.

A geração de caixa medida pelo Ebitda deve crescer 7% em comparação com o mesmo trimestre do ano passado, para US$ 2,761 bilhões. Apesar destas altas, a receita líquida deve cair 9,8% para US$ 6,519 bilhões devido à queda dos preços praticados no mercado de minério de ferro.

Os contratos atuais de minério de ferro passaram a valer em meados de 2009, com quedas de 28% para o minério fino, de 44% para o granulado e 48% para as pelotas de ferro, o que reduziu a receita da companhia a partir de então. Segundo os analistas, o preço médio do minério de ferro ficou em US$ 58 por tonelada no quarto trimestre, ante preço médio de US$ 83,2 por tonelada no quarto trimestre de 2008.

Mesmo com esta queda dos preços, a Vale observou uma expressiva recuperação nos volumes de vendas no período. As projeções dos analistas apontam vendas por volta de 70 milhões de toneladas no trimestre, ante vendas de 55 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior. A retomada do volume deveu-se especialmente à demanda chinesa pelo insumo.

No segmento de níquel, segunda principal área de atuação da Vale, a empresa deve se beneficiar de preços melhores neste balanço. Enquanto o valor médio do níquel foi de US$ 12 mil por tonelada no quarto trimestre de 2008, o preço médio ficou em cerca de US$ 20 mil por tonelada no mesmo trimestre de 2009. No entanto, os volumes de vendas deste produto devem ficar bem abaixo devido à greve nas operações do Canadá. De acordo com os analistas, o volume de vendas de níquel deve ficar próximo de 50 mil toneladas, ante vendas de 71 milhões de toneladas no período do ano anterior. A greve teve início em julho de 2009.

No balanço da Vale em BR Gaap, padrão contábil brasileiro, a companhia deve apresentar uma queda ainda maior na receita devido ao efeito cambial, uma vez que a empresa tem suas receitas em dólar. No quarto trimestre de 2008, o câmbio médio foi de R$ 2,28, enquanto no mesmo trimestre de 2009 o câmbio médio foi de R$ 1,74, o que reduz os ganhos em reais.

Em comparação com o terceiro trimestre de 2009, os resultados da Vale em US Gaap devem apresentar retração nas três linhas: lucro líquido, receita e Ebitda. De acordo com as projeções das instituições financeiras consultadas pela Agência Estado, o lucro líquido deve cair 10,4% nesta comparação. O Ebitda deve ceder 8,3%, enquanto a receita deve recuar 2,7%. Os resultados serão afetados por menores volumes de vendas de minério de ferro. Os dados de exportação de minério do País divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam para uma queda de 7% no quarto trimestre ante o terceiro trimestre.

Outro ponto negativo será a greve no Canadá, que afetará os volumes de níquel e cobre. "Esperamos que a greve continue a influenciar os resultados devido aos custos associados com a paralisação das operações em Sudbury e Voisey’s Bay", informou o BTG em relatório. Segundo o Itaú Securities, o balanço da empresa também será impactado pelo aumento da produção em minas menos eficientes.

Apesar das expectativas negativas para este balanço, os analistas destacaram que as perspectivas para a Vale são favoráveis devido à alta esperada para os contratos anuais de minério de ferro em 2010. Segundo o Barclays Capital, o mercado ficará ainda mais apertado em 2011. "A Vale será uma das mais beneficiadas pelo aumento do preço do minério nos próximos anos", informou. A maioria dos bancos estrangeiros prevê alta de cerca de 40% para o insumo neste ano. Segundo o Itaú, as mineradoras australianas estão pedindo reajuste de 40% para o insumo, o que daria espaço para a Vale aumentar seu preço em 44%, caso consiga um prêmio pela qualidade do seu minério.
(Natalia Gómez)

Fonte: AE Broadcast