quinta-feira, 10 de junho de 2010

ANALISTAS CONSIDERAM MEDIDA DO BCE INSUFICIENTE PARA COMBATER CRISE

Londres, 10 - A conduta do Banco Central Europeu diante da crise trouxe nova decepção para os analistas de mercado. Eles consideram que as medidas adotadas até agora são insuficientes e esperavam mais da autoridade monetária para combater a turbulência na região.

Até mesmo o anúncio de nova iniciativa para manter a liquidez no sistema financeiro foi recebido com pouco entusiasmo. Ao manter os juros no piso histórico de 1%, o BCE informou que vai oferecer operações de refinanciamento de longo prazo (LTRO) de três meses a taxas fixas durante o terceiro trimestre.

Isso significa que os bancos poderão tomar quanto dinheiro quiser, desde que deem as garantias necessárias. "É o mínimo que o BCE poderia fazer", diz Ken Wattret, do BNP Paribas. Para ele, a autoridade perdeu a oportunidade de aproveitar a mudança positiva de sentimento nos mercados antes da reunião de hoje.

Os especialistas também reclamam da falta de detalhes sobre o programa de compra de títulos dos países com problemas adotado diante do estresse na região. Até agora, o BCE já comprou € 41 bilhões de dívida soberana, mas o montante semanal vem caindo. O presidente do BC europeu, Jean-Claude Trichet, não forneceu informações sobre a medida.

"Isso está em linha com a ideia de que bancos centrais gostam de permanecer opacos quando intervêm nos mercados, seja no câmbio ou na renda fixa", acredita Astrid Schilo, analista do HSBC.

Para Christel Aranda-Hassel, do Credit Suisse, uma declaração de que o programa de compra de títulos soberanos é ilimitado teria sido "mais construtiva". "Ao invés disso, teremos de continuar examinando o comunicado semanal do BCE para ver se a aquisição de títulos volta a acelerar."

Com a crise do euro, o BCE reverteu a estratégia de saída que vinha adotando até então, quando a economia da região mostrava recuperação. A alta dos juros nem está mais no radar dos analistas.

O Banco da Inglaterra também manteve hoje a taxa no piso histórico de 0,5%, como esperado. (Daniela Milanese)


Fonte: AE Broadcast